segunda-feira, 4 de abril de 2011



(...) A pessoa que nos obriga a engolir sapo, a gente nunca mais esquece.
Diz a Adélia que "aquilo que a memória amou fica eterno".
Aí eu acrescento algo que aprendi no Grande Sertão.
Conversa de jagunços matadores.
Diz um: "Mato mas nunca fico com raiva."
Retruca o outro, espantado: "Mas como?"
Explica o primeiro: "Quem fica com raiva levo o outro para a cama."
É isso. A gente leva para a cama a pessoa que nos obrigou a engolir o sapo.
A raiva também eterniza as pessoas. Não adianta falar em perdão.
A gente fica esperando o dia que ela também terá de engolir um sapo.
Ou, como dizia uma propaganda antiga de loteria, a gente reza: "O seu dia chegará..."



[Rubem Alves]
 
... e chegou!

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